quinta-feira, 29 de março de 2012

Summer Of Love

As mãos dela estavam molhadas e escorregadias. “Que estranho, as minhas mãos nunca suam”, ela pensou. Já havia viajado por horas até outro estado só para encontrá-lo. Estava chegando!


Eles haviam se visto apenas uma vez quando ele foi ao Rio de Janeiro. Conversaram muito e trocaram telefone. Daquele dia em diante as mensagens de celular não pararam de chegar. Não houve um dia sequer daquele janeiro que não tivessem se falado da hora em que acordavam até a hora de dormir (hora essa que poderia já ser quase de manhã). Se apaixonaram! E não sabiam explicar como aquilo tinha acontecido tão rápido. E depois de duas semanas de expectativa, não agüentaram a ansiedade. Eles tinham que se encontrar. Afinal, teriam que colocar em prática o relacionamento amoroso que já acontecia nas conversas telefônicas de horas de duração.


Agora faltava tão pouco...
Ela estava prestes a chegar no local do encontro e seu coração batia tão forte e rápido que parecia que estava prestes a sair pela boca. O trânsito estava tão ruim... “Ai que demora!”, ela dizia enquanto as pernas tremiam de ansiedade. Ao se levantar para descer do ônibus, o viu pela janela e, desta vez, seu coração quase parou. Ele estava lá, encostado numa parede, de braços cruzados e óculos escuros. “Tão charmoso!”. Quando ele a viu, se ajeitou e sorriu, e quando ela chegou perto, a abraçou tão apertado que ela teve medo de ele ouvir o ritmo descontrolado de seu coração, que resolvera, justo agora, voltar a imitar uma escola de samba.


Não houve beijo. Ela estava sem graça. Mas as mãos logo se entrelaçaram enquanto caminhavam. Ao chegar a casa ela ficou ainda mais nervosa. O que viria a seguir? Nunca haviam se tocado antes. Ela se preocupou com o que deveria dizer, mas quando os olhares se cruzaram, logo viu que as palavras não seriam necessárias ali. Não havia o que ser dito. Eles se atraíram como ímã e metal. Ela só teve tempo de largar a mala no chão antes do beijo frenético. Tão apertado, tão desesperado, tão apaixonado...

Foi um final de semana maravilhoso! E estava doendo tanto deixá-lo, que ela teve que ficar mais um dia!



Eles estavam certos de que tudo estava acontecendo rápido demais, mas também já tinham certeza que não poderiam mais ficar longe um do outro. Pensando nisso, ele mal conseguiu dormir. E no dia seguinte, a acordou somente para dizer que não queria se arrepender pelas coisas que deixou de fazer. Então a pediu em namoro. E ela aceitou.

O cheiro e a textura do cabelo dele... tão bom! Ela, tão bonita de cabelos soltos.
Aquele ar protetor e aconchegante do colo dele. A timidez e a sensualidade dela.
O sorriso dele. O olhar dela.
Poderiam ficar horas sem dizer uma só palavra. O olhar tão penetrante um no outro já dizia todas as coisas.
O coração ficava quentinho.

Os dias passavam felizes e depressa. E quanto mais depressa, mais intenso ficava aquele sentimento. Ele a questionava sobre o futuro, e ela o incluiu em seus planos. Em pouco tempo, já estavam dizendo “eu amo você”. Mas tudo realmente estava indo depressa demais...

E o “para sempre” durou pouco mais de um mês.


O por quê? Acho que até hoje ela não sabe direito. Foi tão rápido e tão de repente, que a dor que ficou é parecida com a dor de ter perdido alguém, foi mesmo como se alguém tivesse morrido. “Acho que fui eu que morri dentro de você”, ela escreveu...

 Quem matou? Talvez tenha sido assassinada pelos sentimentos dele por um outro alguém, ou talvez ele realmente quisesse ficar sozinho, afinal, ele entrou num momento tão conturbado, com novas responsabilidades... Ou será que ele realmente não estava pronto para um novo relacionamento? É claro que milhões de explicações já foram ditas. Mas hoje o motivo já não importa.
 Sim, acredito que tenha sido algum tipo de amor. Foi um amor como uma tempestade de verão: veio de repente, sem ninguém esperar, tão forte, tão intenso... e acabou da mesma maneira que chegou; de repente! A história escorreu com as águas de março. E com o verão foram embora as férias, o calor e os beijos apaixonados...


O outono trouxe a saudade, que ela tenta sufocar todos os dias.

Ainda dói. Mas a cada dia dói menos.
Ela vai superar. Porque as pessoas sempre superam...



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